
Um dos grandes pilares da teoria psicanalítica é, sem dúvida, o chamado Complexo de Édipo, um conceito psicanalítico desenvolvido por Sigmund Freud, no início do século 20.
Usando o paralelismo com a tragédia Édipo Rei, onde o personagem principal, Édipo, assassina seu pai, sem saber que era seu pai, e se casa com sua mãe, sem saber que era sua mãe.
Transferindo a metáfora para a tipologia científica, o conceito aborda um conjunto de sentimentos e desejos infantis que surgem na fase de desenvolvimento psicosexual chamada de fase fálica, que geralmente ocorre entre os 3 e 6 anos de idade. Nesse período, a criança desenvolve um apego emocional intenso à mãe e uma rivalidade com o pai, visto como um concorrente pelo afeto materno.
Baseado em outro pilar da teoria psicanalítica, o Determinismo Psíquico, Freud argumenta que a forma como essa fase é vivenciada pode ter um impacto significativo na formação da personalidade adulta, de modo que, inconscientemente, transferimos o modelo de relação familiar para as outras esferas de interação, como as paixões, amizades, relações profissionais etc.
A resolução mal sucedida, com fixações nessa fase ainda na vida adulta, pode levar a conflitos emocionais e problemas nas relações interpessoais, normalmente resultando em comportamentos e anseios infantilizados.
Muitos psicólogos contemporâneos argumentam que o conceito é excessivamente centrado na família nuclear e não considera adequadamente as variações culturais e familiares.
Além disso, alguns estudiosos sustentam que as experiências parentais e o desenvolvimento emocional são mais complexos do que a simples rivalidade e desejo propostos por Freud.
A pesquisa moderna em psicologia do desenvolvimento sugere que fatores como ambiente social, interações com os cuidadores e experiências de vida têm um papel significativo na formação da personalidade, o que pode ofuscar a relevância do complexo de Édipo como uma explicação singular, não refletindo a diversidade de estruturas familiares na sociedade contemporânea.
A ideia de que todos os indivíduos passam por essa fase de rivalidade e desejo pode ser vista como uma simplificação excessiva da complexidade das relações humanas.
Psicanalistas contemporâneos têm expandido a visão freudiana, considerando a dinâmica familiar mais ampla e as influências culturais, porém o uso da teoria edipiana como base de uma linha evolutiva no processo psicanalítico ainda é bastante recorrente.
Sidney Mora
Terapeuta e Psicanalista